quinta-feira, 25 de outubro de 2007

O Imperador não transige em questão de honra: Não provocamos a guerra, não proporemos a paz

Em luta com os ministros que não queriam deixá-Io partir para o Rio Grande do Sul, no início da guerra do Paraguai, o Imperador cortou a discussão, dizendo:
- Ainda me resta um recurso Constitucional: se não parto como Imperador, abdico e vou para o Rio Grande como um voluntário da Pátria.

Declarada a guerra ao tirano Solano López, do Paraguai, seguiu o Imperador com seus genros, a incitar por seu exemplo pessoal os s us súditos ao cumprimento do dever. Ao embarcar, disse à multidão que o aplaudia:
- Sou defensor perpétuo do Brasil, e quando os meus concidadãos sacrificam sua vida em holocausto sobre as aras da Pátria, em defesa de uma causa tão santa, não serei eu que os deixe de acompanhar.

Em momento de desânimo do seu Ministério, durante a guerra do Paraguai, o presidente do Conselho de Ministros consultou D. Pedro sobre a conveniência de se chegar a um acordo com o tirano inimigo. O Imperador, sempre delicado e tranqüilo, desta vez perdeu a calma. Ergueu-se indignado, bateu com o punho cerrado na mesa dos despachos, e bradou:
- Nunca! Nós não provocamos a guerra, não proporemos a paz! Se o sacrifício é enorme, maior seria a humilhação. Agora, é irmos até o fim. Eu partirei de novo para a guerra, se se tornar necessária a minha presença lá. Trocarei o trono por uma tenda de campanha. E quero ver se há algum brasileiro que não me acompanhe!

Em seu diário, D. Pedro II anotou:
Fala-se em paz no Rio da Prata. Eu não negocio com López! É uma questão de honra, e eu não transijo!

Exigira a perseguição de Ló¬pez como se sua intenção fosse conquistar o Paraguai. Conseguida a vitória, mandava voltar os regimentos, apressava a restituição do território aos seus donos, para que a esponja do tempo apagasse a larga mancha de sangue. Era um capítulo encerrado. Nem anexações, nem compensações, nem castigos. Quitavam-se compromissos, com um saldo de idealismo. Salvara-se o prestígio das armas, mas não se agravara o direito das gentes. O Império não esmagava, retraía-se. Fizera a todo custo a guerra, o que era compreensível. Mas resistira às tentações do triunfo, o que foi exemplar.

A nossa vitória sobre os paraguaios, e o cavalheirismo com que tratamos nossos inimigos derrotados, deu-nos um grande prestígio junto aos nossos aliados na guerra, e junto a todas as repúblicas hispano-americanas.


Com relação à acusação que em certa época lhe faziam, de querer sustentar a guerra com o objetivo de ampliar o domínio territorial brasileiro, D. Pedro 11 registra em seu diário:

Protesto contra qualquer idéia de anexação de território estrangeiro.

Anos mais tarde, quando se ventilava a nossa questão de limites com a Argentina, afirmou que não transigia:
- Ou o território é nosso, e não devemos alienar uma polegada dele, ou pertence ao nosso vizinho, e então é justo não querermos uma polegada do que não nos pertence.

D. Pedro II, que vencera uma longa e árdua guerra contra o Paraguai, e não tomara ao vencido um palmo do território, não se conformava também com a anexação da Alsácia-Lorena pela Alemanha: Em 1889, revelou:

Ouvi do finado Imperador Guilherme I, que com prazer chamo sempre de compadre, que ele nunca foi partidário da anexação. Não conheci velho mais amável. O gênio bélico era Bismarck. Evitei-o. Admiro o homem, mas não o estimo.

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