sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Nosso Imperador, promovendo o desenvolvimento material do País

Sob o ponto de vista do progresso e do desenvolvimento material do País, o Império não foi o atraso e a estagnação de que ainda hoje é acusado pelos que não se querem dar ao trabalho de estudar e conhecer melhor esse período da nossa História. Na verdade o Brasil era, de fato e de direito, a primeira nação da América Latina. Essa hegemonia, ele iria conservar até o último dia da Monarquia.

Foi das mãos de D. Pedro II que o Brasil saiu apto a enfrentar as dificuldades políticas do continente e do século: pacificado e unificado pelo Imperador, o Brasil se impôs ao respeito internacional, disseminou a instrução, consolidou a linha de suas fronteiras, estabilizou a moeda, bateu-se vitoriosamente nas guerras que lhe foram impostas, tratou de igual para igual as maiores potências, não reconheceu hegemonias no hemisfério, construiu a terceira esquadra do mundo. Apoiado em dois grandes partidos nacionais, praticou o parlamentarismo. Criou uma elite intelectual, moral, social e política, foi um fecundíssimo viveiro de valores humanos, aboliu o tráfico e a escravidão, insuflou as nossas maiores riquezas econômicas, aparelhou a indústria, construiu uma enorme rede de comunicações rodoviárias e ferroviárias, ligou-nos à Europa pelo cabo telegráfico, o telefone, a tração a vapor, impulsionou as ciências e as letras, conheceu intimamente aquilo que Cícero preconizava como a suprema ventura dos povos: o gozo tranqüilo da liberdade.


Em 1874, o irlandês Hamilton Lindsay-Bucknall veio ao Brasil, com a equipe encarregada de instalar o primeiro cabo submarino no País. Posteriormente escreveu um livro narrando a sua viagem, no qual encontramos as seguintes referências:

O navio cabográfico Hooper finalmente colocado em terra, sã e salva, a extremidade do primeiro cabo submarino no Brasil. E o bom Imperador Dom Pedra li poderia ser visto nessa ocasião, ajudando nobremente a puxar aquele cabo que em pouco tempo colocaria seu grande Império em comunicação direta com o resto do mundo civilizado. Que esplêndido exemplo nos fora dado pelo grande e sábio Dom Pedra II, Imperador do Brasil, não só se interessando pessoalmente pela instalação do cabo submarino, mas também dando uma mão para puxá-Ia para a praia!

Logo depois da amarração da extremidade do cabo submarino à terra, foram recebidas mensagens congratulatórias transmitidas ao Imperador pelos governadores do Pará, Pernambuco e Bahia. Os telegramas para o Imperador me foram confiados para entrega. Ao chegar ao palácio, fui conduzido sem cerimônia à presença de Sua Majestade Imperial. O Imperador, que estava sentado na varanda apreciando uma xícara de café, em companhia de diversos visitantes, levantou-se para receber-me e apertar-me a mão. O conteúdo dos telegramas pareceu satisfazê-Io muito e, a seu pedido, sentei-me ao lado. Fez-me então muitas perguntas sobre o cabo submarino, a respeito do qual parecia estar profundamente interessado. E não podia haver dúvida, pela natureza de suas perguntas e pelo conhecimento de eletricidade que demonstrava, de que não se tratava de um novato naquela ciência. Prontamente verifiquei o acerto dos que o diziam um dos mais inteligentes e altamente dotados dos soberanos reinantes. Permaneci em sua companhia por algum tempo, durante o qual nossa conversa convergiu para diversos tópicos. Senti-me tomado de profundo respeito por aquele sábio homem que rege os destinos de um dos mais admiráveis impérios do mundo.


Estava em andamento a construção da estrada de ferro para a subida da Serra do Mar, e discutia-se qual o sistema a ser adotado. Havia pouca experiência no assunto, e predominava a opinião dos técnicos ingleses, que eram os concessionários. Cristiano Otoni defendia a outra solução. Em reunião do Conselho de Estado, que decidiria o assunto, o Imperador determinou:
- Ouçamos antes o Sr. Otoni. E assim se evitou o erro da construção pelo sistema inglês.



Em visita à exposição de Filadélfia, em 1876, o Imperador passou pelo stand de Graham Bell, que a duras penas conseguira inventar e expor ali o protótipo do telefone. Pouca atenção atraíra o seu stand. Bertita Harding narra o encontro:
Ajustando inúmeras bobinas, eletrodos e discos de metal, Bell preparava-se para demonstrar a invenção. Por fim anunciou:
- Dei a isto o nome de telefone. Estendeu ao Imperador um objeto em forma de taça, pedindo-lhe que o conservasse pegado ao ouvido. Afastou-se depois a razoável distância, e falou para o outro objeto de forma similar, que levava nas mãos, enquanto os espectadores, de pé, observavam-no com mal dissimulada incredulidade. De repente, D. Pedro deu um pulo:
- My God! It speaks!
- Sim - respondeu pelo fio a voz de Bel! -, isto fala. Não tardará muito para que o telefone seja uma necessidade em todas as casas.
Os olhos de D. Pedro brilhavam de admiração e surpresa:
- Meus parabéns, Sr. Bell! Quando a sua invenção for posta no mercado, o Brasil será o seu primeiro freguês.


E cumpriu a palavra. Bell recebeu encomendas do Rio muito antes que o telefone fosse comercialmente explorado. Foi Dom Pedro, graças à sua incansável curiosidade científica, que pôs em relevo e valorizou a descoberta do jovem professor de Boston. O telefone ficou sendo uma das sensações da exposição, e quando ele se tornou um produto comercial, o Imperador foi dos primeiros a utilizá-Io na prática.

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