quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O Imperador cria hábitos de seriedade nas instituições científicas

Um artista lírico, em visita ao País, escreveu:

O Imperador anima, com sua presença, todas as instituições que julga úteis para melhorar o País, e a modesta dotação que lhe é fixada no orçamento é absorvida por obras de caridade. Dom Pedra possui conhecimentos muito amplos. Preside ao Instituto Histórico e Geográfico todas as sextas-feiras, menos por pedantismo do que para estimular os trabalhos relativos ao Brasil.

Com inquebrantável pontualidade, o Imperador presidia a todas as sessões do Instituto Histórico, devotando-lhe o maior carinho. Como acentuou o diplomata e escritor Vicente Quesada, ele assim procedia para infundir, com o seu alto exemplo, hábitos de seriedade às instituições dessa ordem.

Em setembro de 1880, reunia-se no Rio o Primeiro Congresso Nacional de Medicina. Terminados os trabalhos, e desanimada de obter dos cofres públicos os necessários recursos para impressão dos anais, a comissão organizadora resolveu apelar para o Imperador, que respondeu:

- Como foi por falta de verba que o Governo mandou sustar a publicação dos trabalhos do congresso, não posso eu, primeiro guarda das leis do País, concorrer para fazerem-se despesas não decretadas. Amigo, porém, da ciência e dos progressos de minha terra, terei muito gosto em tomar a mim essa despesa.

No dia seguinte eram dadas as ordens para a impressão dos trabalhos do congresso.

O Dr. Antonio Ennes de Souza venceu um concurso para a cadeira de Mineralogia da Escola Politécnica, assistido pelo Imperador. Depois de nomeado, subiu ao Palácio da Boa Vista para agradecer, e resolveu esclarecer que tinha idéias republicanas. Ouviu este conselho:

- Senhor Ennes, deixe de política. Dedique-se à ciência. O senhor é moço, e tem um vasto campo diante de si.

Em Washington, D. Pedra II foi visitar o observatório. Dado o seu interesse por questões de Astronomia, examinou tudo cuidadosamente. De um modo geral, achou-o bem montado. Mas o regulador elétrico da hora, a que correspondiam quatro relógios da cidade, não lhe pareceu tão perfeito quanto o do observatório do Rio de Janeiro. Achou o cosmógrafo colocado sem a necessária estabilidade, e o relógio standard, para observações, mal colocado.

Mostraram-lhe depois o grande relógio, que registrava observações astronômicas por meio de eletricidade, e fora o primeiro do gênero. Estava parado, e ninguém sabia consertá-Ia. O astrônomo Newcomb, que acompanhava o Imperador, ficou assombrado quando viu D. Pedro passar uma mão por baixo do móvel e começar a examinar pacientemente a base que suportava o relógio. Feito isso, demonstrou-se admirado de que estivessem usando um aparelho desnivelado como aquele. Verificou-se depois que esse era o único defeito, que impedia o aparelho de funcionar.

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