segunda-feira, 15 de março de 2010

O grande brasileiro


Em 1886, ao visitar as obras do Museu
do Ipiranga, em São Paulo, o imperador
mandou a carruagem seguir pelo caminho
histórico que percorrera o seu pai D. Pedro
I, antes de proclamar a independência. Chegando
ao local, comentou:
 — Dedicar-se ao bem comum é uma atribuição da nobreza
— Esta é a verdadeira arquitetura adequada
a um monumento desta ordem.
E perguntou ao conselheiro Ramalho:
— Ainda vive alguém do tempo da Independência?
— Há em Campinas um velho, chamado
João Cintra, que fez parte da comitiva do
augusto pai de Vossa Majestade.
Dias depois, quando chegou a Campinas,
foi logo indagando onde morava o velho
Cintra, cuja casa era fora da cidade. E
seguiu para lá, acompanhado apenas de um
jornalista e do seu velho negro Rafael. Encontrou
João Cintra falando a meia voz, num
grupo de velhos. Depois dos cumprimentos,
perguntou:
— Que história estava aí contando? Continue,
eu também quero ouvir. Quem é velho
sempre sabe muitas histórias.
Não sabendo o que lhe haveria de dizer,
o rude velhinho perguntou:
— Por que é que o Senhor não se muda
para cá? Será por ser carioca?
— Eu não sei o que é ser carioca,
paulista, gaúcho, mineiro ou pernambucano.
Só sei que sou brasileiro.

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